domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Benção, por Claudio Domingos Fernandes

Chove a três dias ininterruptamente. O rio que corta a cidade transborda desde a noite passada. Há a preocupação com a represa, já em sua capacidade máxima. Corre-se o risco de rompimento. A defesa civil monitora as encostas e emitiu alerta aos “ribanceiros” para que abandonem suas casas e procurem os abrigos improvisados. João de Deus, acamado a dois meses, vitima de acidente de trabalho, clama à esposa que desça com as crianças, três, para o abrigo. “Eu me viro minha nega!”. Maria das Dores resiste “Nego te viras como? Não podes nem se mexer!” Maria das Dores, pega caneta, papel, escreve. Arruma uma pequena mochila com alguns poucos trapos e alguns documentos. “Advaldo, meu filho, toma, pega seus irmãos e desce o morro. Não larga da mão deles não. Cuida deles meu filho. Cuida deles!”. Advaldo, o mais velho dos filhos, tem apenas nove anos. Coloca a mochila nas costas, toma o caçula nos braços, três anos, e segura firme a mão da menina, Elisa Maria, seis anos: “Bença pai! Bença mãe!... Distante dali o Sr Nahas recebe a ligação de um amigo muito especial: “Caro Governador! Quais são as novas?”. “Está tudo preparado, a reintegração se dará!” “Deus te abençoe Governador! Deus te abençoe!

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