sábado, 25 de fevereiro de 2012

Artigo: O saco é um saco, por Luci Bonini










Esta frase foi utilizada na campanha do Ministério do Meio Ambiente para promover a mudança das sacolas de supermercado. O mundo consome um milhão de sacolas plásticas a cada minuto, isso significa 1 bilhão e 44 milhões de sacolas por hora e 525 bilhões de sacolas por ano.

Agora imagine a quantidade de embalagens plásticas que todas essas sacolas carregam dentro delas. Embalagens de óleo, refrigerante, arroz, feijão, sabonete, shampoos, sucos e leites em embalagens tetrapak, etc. Para conhecer o tamanho da tragédia, assista ao documentário A Ilha de Lixo no Pacífico, no youtube - seu território é maior que os Estados do Rio, São Paulo, Minas e Goiás juntos.

Tudo o que compramos vem em embalagens descartáveis - nós consumidores é que acabamos ficando com o problema, somos os responsáveis pela quantidade de lixo no planeta - nós que não fabricamos nada disso.

As empresas poderiam produzir embalagens e produtos recicláveis: escovas de dente, isqueiros, canetas, cartuchos de impressora, computadores e impressoras etc. Ficaria tudo mais simples!

Já encontraram isqueiros e cabos de escova de dente no estômago de albatrozes e golfinhos confundem sacos plásticos boiando com comida, e claro, esses animais morrem. Aí então resolveram substituir as sacolas de supermercados pelas novas feitas de plástico oxibiodegradáveis.

Não há ainda uma certeza de que o plástico de que é feita a sacola seja mesmo uma saída. Pesquisadores acreditam que esses plásticos contêm aditivos que auxiliam a degradação em minúsculos pedaços mais rapidamente, ajudados pelo calor de 40 graus e pela luz direta, aí então esses pedacinhos serão digeridos por micróbios - no Brasil, nem todas as regiões têm um calor de 40 graus e nem sempre estes sacos plásticos estarão sob a luz visível. 

Eles também precisam estar em contato com bastante oxigênio, mas se forem parar nos aterros sanitários, isso também será um obstáculo.

Segundo a pesquisadora Eloísa Garcia, do Cetea (Centro de Tecnologia de Embalagem de São Paulo), os micro-pedacinhos de plástico são compostos, também, de resíduos de tinta e pigmentos de impressão, usados para dar cor às sacolinhas, e eles contêm metais nas suas fórmulas. Para ela: "Todas essas partículas vão se espalhando e causando danos irreversíveis, dos quais só teremos conhecimento no futuro. Tais resíduos contaminam os lençóis freáticos e as plantas. Os animais, por sua vez, se alimentam dessas plantas e nós nos alimentamos deles. Assim, estaremos todos contaminados".

É preciso exigir consciência ambiental de todos: fabricantes e consumidores. E, para concluir, coloco aqui um provérbio indígena que diz: "Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come."

Luci Bonini 
Dra. Com. e Semiótica pela PUC-SP, professora universitária, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes. Facebook Luci Bonini. Twitter: @lucibonini

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