sábado, 18 de fevereiro de 2012

Manda quem pode, por Luci Bonini


... Obedece quem tem juízo. Você já ouviu esta frase pelo menos uma vez na vida. Quem manda? Numa democracia representativa, que é o caso brasileiro, uma pessoa é eleita com certa quantidade de votos para "representar o povo", decidir em nome do povo. O eleitor dá uma procuração para o candidato poder trabalhar em seu benefício e em benefício de uma coletividade, pelo menos em tese.

Quando se fala em políticas públicas, fala-se em pressionar os eleitos para elaborarem projetos de melhoria de vida da população. Quem pressiona? A resposta certa é a população, são os eleitores.

Como na nossa democracia são eleitos aqueles que têm a maioria dos votos, esses devem procurar pelos que não votaram nele a fim de saber seus anseios e suas necessidades a para que possa ajudar para além de suas promessas de campanha.

Para conhecer melhor o panorama da nossa situação eleitoral regional, fui até o site do IBGE para somar quantos somos na região do Alto Tietê incluindo Guarulhos: 2.464.324 habitantes - mais que o dobro da população de Campinas. Aproveitei para ir ao site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para saber quantos eleitores tínhamos na região que engloba todas as cidades do Alto Tietê, também, incluindo Guarulhos e cheguei ao resultado de 809.563 eleitores, mas encontrei coisas interessantes, por exemplo: Salesópolis no site do IBGE, tem 15.635 habitantes, no site do TRE, 14.049 eleitores, achei estranho - será que é uma cidade que não tem crianças, só adultos? A diferença é de 1.586 não eleitores apenas. Biritiba Mirim apresenta uma anomalia semelhante: 28.575 habitantes segundo o IBGE, e, 21.101 eleitores, segundo o TRE. O mesmo acontece em Guararema: 25.844 habitantes e 20.415 eleitores.

Acho que essas discrepâncias devem ser revistas pelos órgãos que fazem essas estatísticas.

Com tantos habitantes e tantos eleitores vamos dar voz à população? Será que não é possível que em bairros surjam grupos que possam reivindicar melhorias? Onde estão as entidades que atuam na inclusão de pessoas com deficiências, dos idosos, das crianças e mulheres em estado de vulnerabilidade, da educação social. Onde estão as pessoas de boa vontade que atuam nas associações de bairro? Esses grupos podem nos ajudar a elevar nossa voz para a melhoria das cidades e da região como um todo. São essas entidades que pressionam os governos para que eles coloquem em suas agendas as melhorias dos bens públicos que precisamos: transporte, hospitais e postos de saúde, escolas, vias públicas etc.

Nesse ano teremos eleições novamente, precisamos pensar sobre o papel das forças políticas que virão pedir nosso voto. São os representantes que você escolhe que vão decidir o que é bom para você, pense nisso antes de dar sua procuração em branco para seu candidato. 


Luci Bonini
Dra. Com. e Semiótica pela PUC-SP, professora universitária, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes. Facebook Luci Bonini. Twitter: @lucibonini

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